Neste ano Mariano, somos convidados a nos aproximar ainda mais de Maria e perceber suas várias faces que revelam dimensões essenciais de um verdadeiro discípulo missionário do Bom Jesus. Entre essas faces não podemos nos esquecer de Maria como a Virgem do Silêncio.
Estamos inseridos em um contexto social onde muito se fala e pouco se ouve. O silêncio amedronta e faz com que muitos busquem barulhos mundanos para fugir dos entulhos existenciais que carregam dentro de si.
Queremos falar tudo o que pensamos e sentimos. Queremos comunicar verbalmente nossas opiniões e crenças, nossos valores e convicções. Falar, falar e falar…
Maria ensina-nos um silêncio sagrado, cheio da presença de Deus. Um silêncio que revela um Pai de Bondade, que nunca virou as costas para a humanidade, mesmo, tantas vezes, sendo negado, esquecido e tendo Sua promessa eterna de amor rejeitada.
Foi nesse silêncio sagrado que Maria alcançou a Graça de ouvir os apelos de Deus com os ouvidos do seu coração, abrindo-se para acolher a mensagem de Deus trazida pelo Anjo Gabriel (Lc 1, 26-37), fazendo com que as confusões, incompreensões e medos diante daquela grande novidade de amor – o Mistério da Encarnação – fosse transformada em um grande desejo de viver incondicionalmente sua vocação de Mãe de Jesus.
Pelo seu “Faça-se” (Lc 1, 38), Maria ensina-nos com sua própria vida que, quando ouvimos com disponibilidade e generosidade a Voz do Senhor, o “Sim” brota na alegria e na simplicidade, características próprias das coisas de Deus.
No seu silêncio, Maria também nos ensina a romper com os limites e barreiras impostas pela nossa racionalidade. A ação de Deus em nossa vida supera qualquer expectativa humana, surpreende sempre e exige de nós uma constante postura de movimento e saída diante da vida.
Quantas saídas silenciosas de Maria encontramos nas Sagradas Escrituras! Ida a Belém (Lc 2, 1-7), fuga da perseguição de Herodes (Mt 2, 13-15) e apresentação de Jesus ao Templo (Lc 2, 22-28). Saídas que revelam a dimensão jubilar mas também dolorosa da vida em Cristo rumo ao Reino de Deus.
O silêncio de Maria acompanha Jesus em sua vida pública. Ela sabe em poucas palavras mostrar ao seu Filho que chegou a hora de ser um sinal da Alegria e de Salvação para o povo que vivia uma vida sem sentido e sem sabor (Jo 2, 1-12). Na grande festa da vida, Maria coloca-nos sempre junto de Jesus, convidando a cada um de nós a beber diariamente desse vinho novo onde a grande Talha é o próprio Cristo.
Em Maria, encontramos um silêncio regado de muita esperança, confiança e ânimo em Deus, mesmo nos momentos que as espadas transpassavam o seu coração ao acompanhar seu Filho até o calvário e morte de Cruz (Jo 19,25). Nada abalou em Maria a certeza de que tudo aquilo não era em vão e muito menos o fim.
O silêncio experimentado por Maria integra as pessoas e gera espírito de comunidade. Sem nada dizer, foi um elo de amor e esperança que manteve os discípulos reunidos até a vinda do Espírito Santo (At 1, 12-14), momento onde a Igreja nasce e começa sua vocação missionária.
Que a exemplo de Maria e a tendo como Mãe querida, que nos mostra o caminho do seu filho Jesus, possamos cultivar essa dimensão sagrada e profunda do silêncio, que nos torna dóceis a ouvir o que o Senhor tem a nos dizer e a conduzir nossos passos pelo caminho da plena e autêntica felicidade que nos faz expressar mais em obras do que em palavras nosso desejo de amar e servir.
Nossa Senhora, Virgem do Silêncio, Rogai por nós!
Vagner Teixeira
Coordenador dos Ministros Extraordinários